Parkinsonianos enfrentam dificuldades no tratamento pelo SUS

Associação Brasil Parkinson afirma que escassez e falta de medicamentos nos postos de saúde agravam sintomas da doença

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Pessoas com Parkinson enfrentam dificuldades no acesso ao tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O alerta é da Associação Brasil Parkinson (ABP), que há 38 anos trabalha no atendimento a esses pacientes.

A maioria dos pacientes depende do atendimento de saúde pública. O SUS disponibiliza a medicação, mas – há anos – denunciamos problemas de frequência na entrega dos remédios, principalmente o prolopa, essencial para o parkinsoniano”, afirma Érica Tardelli, presidente da ABP.

Em carta aberta divulgada neste Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Parkinson (11 de abril), ela expressa “grande preocupação e indignação em relação à intermitência no fornecimento de medicamentos essenciais para o tratamento da doença de Parkinson no SUS”.

“A doença de Parkinson é uma condição neurológica debilitante que requer cuidados contínuos e o acesso regular a medicamentos específicos para controlar seus sintomas. No entanto, temos testemunhado, juntamente com muitos outros, a escassez e falta de disponibilidade desses medicamentos vitais nos postos de Saúde do SUS”, afirma.

Segundo ela, a situação é inaceitável e coloca em risco a saúde e a qualidade de vida de inúmeras pessoas que lutam diariamente contra os desafios impostos pela doença de Parkinson. “A falta de acesso a esses medicamentos não apenas agrava os sintomas da doença, mas também compromete a autonomia e a dignidade dos pacientes, privando-os do direito básico à saúde”.

Falta de baterias em cirurgia de implantação de eletrodos

A entidade chama a atenção das autoridades de saúde pública a “agirem imediatamente para resolver essa crise, garantindo um suprimento adequado e contínuo de medicamentos para a doença de Parkinson em todos os estabelecimentos de saúde do SUS”. “Os pacientes não podem mais ser negligenciados ou deixados à mercê da burocracia e da ineficiência do sistema de saúde”, afirma Érica.

A presidente da ABP também cobra o planejamento adequado para atender os pacientes que fizeram a cirurgia de implantação de eletrodos (DBS), para que não faltem as baterias para sua substituição, “necessárias para manter os movimentos desses brasileiros, que acabam recorrendo à rede particular, ou sucumbindo sem acesso”.

A Associação Brasil Parkinson pede que as autoridades federais, estaduais e municipais estejam atentas e destinem seus recursos para que o SUS atenda esses brasileiros com Doença de Parkinson. “Não é possível pensar em equipar hospitais com aparelhos de neuromodulação de última geração se não há o remédio para o dia a dia”.

Ainda de acordo com a presidente da ABP, ao contrário do que afirmam muitos especialistas, a doença pode sim ser diagnosticada precocemente, mas não é porque “o médico não está treinado para identificar os sintomas que apoiam o diagnóstico, como não sentir cheiro e ter boa resposta à terapia dopaminérgica”.

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Confira a carta na íntegra abaixo:

Manifesto em Defesa dos Direitos das pessoas com Doença de Parkinson

Há 38 anos a Associação Brasil Parkinson trabalha no atendimento às pessoas com Doença de Parkinson. Nessa jornada, a entidade ajudou milhares de famílias de pessoas com Parkinson. Sim, essa é uma doença que impacta toda a família.

1% da população acima de 55 anos tem Doença de Parkinson. No Brasil são mais que 200 mil cidadãos. Atualmente, Parkinson é a doença neurológica que mais cresce, ela está sujeita à influência dos agentes ambientais, com o aumento do número de novos casos em todo o mundo por conta dos poluentes, solventes e agrotóxicos.

Só que parkinsoniano não é número. É ser humano que tem uma doença que pode ser diagnosticada precocemente, mas não o é porque o médico não está treinado para identificar os sintomas que apoiam o diagnóstico, como não sentir cheiro e ter boa resposta à terapia dopaminérgica.

Não fazemos conscientização sobre a Doença de Parkinson só em abril. Estamos presentes o ano todo em eventos, congressos, lives e encontros de profissionais de saúde, para falar, e, estimular a pesquisa que de fato possa melhorar a qualidade de vida das pessoas.

atividades que podem auxiliar na reabilitação dos pacientes quando aliados à Fisioterapia e Fonoterapia: como Tai Chi, esteira, dança, etc, o que ajudam a retardar a velocidade de evolução da doença.

Mas TODOS precisam de medicação. A maioria dos pacientes depende do atendimento de saúde pública. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a medicação, mas – há anos – denunciamos problemas de frequência na entrega dos remédios, principalmente o prolopa, essencial para o parkinsoniano.

Escrevo esta carta aberta com grande preocupação e indignação em relação à intermitência no fornecimento de medicamentos essenciais para o tratamento da doença de Parkinson no SUS. Como membro desta comunidade e defensora dos direitos dos pacientes, é meu dever trazer à luz essa questão que afeta milhares de pessoas em todo o país.

A doença de Parkinson é uma condição neurológica debilitante que requer cuidados contínuos e o acesso regular a medicamentos específicos para controlar seus sintomas. No entanto, temos testemunhado, juntamente com muitos outros, a escassez e falta de disponibilidade desses medicamentos vitais nos postos de Saúde do SUS.

Essa situação é inaceitável e coloca em risco a saúde e a qualidade de vida de inúmeras pessoas que lutam diariamente contra os desafios impostos pela doença de Parkinson. A falta de acesso a esses medicamentos não apenas agrava os sintomas da doença, mas também compromete a autonomia e a dignidade dos pacientes, privando-os do direito básico à saúde.

Chamamos a atenção das autoridades responsáveis a agirem imediatamente para resolver essa crise, garantindo um suprimento adequado e contínuo de medicamentos para a doença de Parkinson em todos os estabelecimentos de saúde do SUS. Os pacientes não podem mais ser negligenciados ou deixados à mercê da burocracia e da ineficiência do sistema de saúde.

Pedimos transparência por parte das autoridades em relação às medidas que estão sendo tomadas para enfrentar essa situação e assegurar que todos os pacientes tenham acesso aos tratamentos de que necessitam para viver com dignidade e qualidade de vida.

Juntos, podemos e devemos garantir que ninguém seja deixado para trás ou privado do cuidado médico adequado. É hora de agir e mostrar nosso compromisso com o bem-estar e a saúde de todos os cidadãos, especialmente daqueles que mais precisam de nossa solidariedade e apoio.

Outra demanda não menos importante é o planejamento adequado para atender os pacientes que fizeram a cirurgia de implantação de eletrodos (DBS), para que não faltem as baterias e cirurgias para sua substituição, necessárias para manter os movimentos desses brasileiros, que acabam recorrendo à rede particular, ou sucumbindo sem acesso.

A Associação Brasil Parkinson pede que as autoridades federais, estaduais e municipais estejam atentas e destinem seus recursos para que o SUS atenda esses brasileiros com Doença de Parkinson. Não é possível pensar em equipar hospitais com aparelhos de neuromodulação de última geração se não há o remédio para o dia a dia.

Estamos lançando um guia com os Direitos do paciente com Parkinson. “O Parkinson e a Cidadania: um Guia Essencial de Direitos e Benefícios” é um caminho para lutar pelos benefícios da lei. Um material gratuito, acessível a todos, e disponível no site da entidade – www.parkinson.org.br

Queremos que a pessoa com Doença de Parkinson e seus familiares saibam que “vocês nunca estarão sozinhos”. Estamos defendendo o direito aos medicamentos, à reabilitação, aos benefícios em lei, e atentos a fornecer informações que possam ajudar a promover melhor qualidade de vida.  

Érica Tardelli é presidente da ABP   

5 principais dúvidas sobre a doença de Parkinson

Você sabia que a Doença de Parkinson não é só detectada pelos tremores? A Associação Brasil Parkinson responde às 5 principais perguntas sobre a doença:

  1. O que causa a Doença de Parkinson?

A Doença de Parkinson é devida à degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem uma substância chamada dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente, causando os sintomas.

  1. Quais são os sintomas da Doença de Parkinson?

Os sintomas motores mais comuns incluem: lentidão de movimento (bradicinesia), rigidez muscular, aumento gradual de tremores, problemas de postura e equilíbrio, caminhar arrastando os pés e postura inclinada para a frente. O tremor típico afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a cabeça ou os pés. Atualmente, não há cura, mas existem tratamentos que podem ajudar a gerenciar os sintomas.

  1. Quem está propenso a ter DP?

A doença pode afetar qualquer pessoa e tende a atingir os mais idosos. A grande maioria das pessoas têm os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos de idade, contudo, pode também acontecer nas idades mais jovens, embora os casos sejam mais raros.

  1. Existe algum exame que detecta a Doença de Parkinson?

O diagnóstico da doença é feito por exclusão. Médicos recomendam exames como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal e outros, para terem a certeza de que o paciente não possui nenhuma outra doença no cérebro. O diagnóstico da doença faz-se baseada na história clínica do paciente e no exame neurológico.

  1. Já que não há cura, quais são os tratamentos para quem é acometido pela DP?

A Doença de Parkinson pode e deve ser tratada, não apenas combatendo os sintomas, como também retardando o seu progresso. A grande barreira para se curar a doença está na própria genética humana. No cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células não se renovam.

A grande arma da medicina para combater o Parkinson são os tratamentos medicamentososcirurgiasestimulação profunda do cérebro (marcapasso cerebral), fisioterapiaterapia ocupacional e fonoaudiologia, muito importante para os que têm problemas com a deglutição, fala e a voz.

A Associação Brasil Parkinson oferece serviços para atender pacientes com a DP como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, coral, oficina de artes, educação física e terapia ocupacional.

Agenda Positiva

Em São Paulo, também é celebrado o Dia Estadual de Conscientização da Doença de Parkinson (Lei nº 17.644/2023). Para marcar a data, a Associação Brasil Parkinson promove o lançamento do e-book sobre os Direitos do Paciente com a Doença de Parkinson, na Câmara Municipal de Vereadores da capital.

No dia 14 (domingo), haverá uma caminhada a partir das 8h30,  com largada em frente à Faculdade de Direito da USP. No dia 20, haverá o Torneio de ‘Ping Pong Parkinson’ e Boxe, exclusivo para associados da ABP, a partir das 10h30, no Decathlon do Shopping Anália Franco, no Tatuapé.

Com informações da ABP

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